Dez festas imperdíveis em São Paulo

Alex Kidd
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Festa de um ano da ODD. Foto: felipe Gabriel/El Proyector

COM NATÁLIA ALBERTONI

Ganhando força a partir de 2013, momento de efervescência cultural e política no centro de São Paulo, as novas festas de música eletrônica saíram dos clubes, espaço que lhes era reservado, e foram para as ruas, cinemas abandonados, túneis e antigos cabarés. De graça ou com ingressos até R$ 50 (em grande parte das vezes), esses eventos são divulgados nas redes sociais das próprias festas e chegam a atrair mais de mil pessoas. O 120 BPM garimpou dez festas imperdíveis na metrópole.

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Metanol

Estar na rua trouxe algumas surpresas para o coletivo de produtores Metanol –originalmente um programa de rádio independente. Desde 2010 ocupando o espaço público ao som de um eletrônico sombrio, o grupo já viu pixador caindo do telhado, equipamentos sendo arrastados pela chuva e uma mulher entrando em trabalho de parto. As apresentações de Live PA e Live Act (música eletrônica tocada ao vivo) são parte essencial das atividades do núcleo e o clima underground determinado pelas locações –que, hoje, também podem ser espaços privados, como um hostel– atrai produtores, artistas visuais, skatistas e formadores de opinião.

Próxima edição: 06/05 na Trackers – r. Dom José de Barros, 337, República. Sex. (6/5): 23h. Ingr.: R$ 15 a R$ 30. 18 anos.

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Foto: Mirko Medri/Divulgação

Mamba Negra

Procurando intersecções entre a música eletrônica e a orgânica, a Mamba Negra já recebeu bandas de jazz e de música experimental. Hoje, dialoga com o techno e o formato live PA. Para as locações, as produtoras Carol Schutzer e Laura Diaz buscam lugares sem cara de festa –ou por serem marginalizados ou por estarem em estado de abandono, por exemplo. “A proposta é buscar espaços em que a caretice do circuito de entretenimento não consegue operar, como a Cracolândia”, explica Laura. A ideia é mostrar que “cultura no centro não é a Sala São Paulo, Praça das Artes fechada ou Virada Cultural uma vez por ano. Cultura é a liberdade de manifestação política e artística espontânea na cidade”, diz.

Próxima edição: 29/04 no Centro. 18 anos. Sex. (29): 23h às 10h. Ingr.: R$ 30. 18 anos.

 

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Foto: Helena Yoshioka/Divulgação

Carlos Capslock

No último dia 9, a página do Facebook da festa convidava: “Carlos Capslock retorna ao centro velho para apresentar o desfecho da Operação Leva Jato comandado pelo Wikileaks”. Bem-humorada, a balada atrai figuras curiosas fãs de uma “montação”. Por isso, perucas, máscaras e túnicas estampadas são bem-vindas. A alcunha vem do seu criador, Carlos Capslock, personagem da noite paulistana encarnada pelo DJ e produtor Paulo Tessuto.  Uma funilaria, um cinema abandonado ou túnel fechado podem virar pistas para os long sets de house e techno, em evidência. Os ingressos variam entre R$ 20 e R$ 45 e uma van, normalmente, é disponibilizada para levar os baladeiros da lanchonete Estadão, no centro, até o endereço da vez. Suspensa enquanto Tessuto faz turnê na Europa, a festa volta a ser realizada no segundo semestre.

 

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Foto: Luana Schwengber/Divulgação

Düsk

Com objetivo de amarrar um conceito visual, a curadoria da festa bimestral de Amanda Mussi é sempre pensada dentro de uma temática que contempla vertentes da house e do techno e eventos cósmicos. Sim, isso mesmo. O resultado são edições como Vênus Ácida, com sonoridades de acid house. A festa bimestral da produtora e artista visual também propõe o intercâmbio entre artistas latino-americanos. Sem endereço fixo, recebe djs, artistas, produtores e dançarinos, que se jogam na pista para ouvir vertentes menos exploradas do eletrônico nas festas –Chicago House e microhouse são alguns exemplos.

Sem endereço definido. Sáb. (28): 00h. Ingr.: R$ 25. 18 anos.

 

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Foto: Felipe Gabriel / El Proyector

Odd

Queridinha de produtores da noite paulistana, a ODD acaba de completar um ano. A festa procura levar uma pesquisa musical a pista de dança contemplando vertentes diversas. Com Pedro Zopelar como residente, apresentações em formato live são uma contante. “O que vemos hoje nas pistas, a música feita com sintetizadores e muitas vezes apresentada ao vivo, já existe há tempos e talvez agora esteja mais em evidência pelo maior número de artistas se apresentando dessa forma”, diz Márcio Vermelho, idealizador do evento.

Próxima edição: 01/05. Local não definido. 18 anos. Sex. (29): 23h às 10h. Ingr.: R$ 30. 18 anos.

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Foto: Derek Fernandes/Divulgação


Tenda 

Em 2014, sob uma tenda de praia montada em alguma rua da cidade, Guilherme Falcão e Tiago Guiness começaram a tocar house, electro e dance music para quem quisesse dançar. Até que a dupla encontrou o L’Amour, antigo cabaré da rua Bento Freitas, no centro, para chamar de pista. No inferninho cercado de espelhos e paredes vermelhas, gays e descolados se libertam na penumbra e nos canos metálicos de pole dance.  “É um lugar protegido. Cria esse ambiente lascivo sendo bem honesto”, conta Guilherme. Para entreter os dançantes, produções de nomes mais novos da música eletrônica, como Shamir e Disclosure, são foco. Com todas as luzes acesas, um hit clubber costuma encerrar a farra, só às 6h.

Próxima edição: 30/04 – L’Amour – r. Bento Freitas, 366, República, s/tel. 18 anos. Sáb. (30/4): 23h30 às 6h. Ingr.: R$ 25.

 

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Gop Tun

O heliponto do hotel Maksoud Plaza, uma estufa na Vila Madalena e o Centro de Cultura Judaica foram alguns dos cenários para a Gop Tun. A locação inusitada é um dos charmes da festa itinerante de música eletrônica. “O maior desafio é convencer a liberarem os espaços. Nenhum foi fácil. A gente ouve muito não. E aí começa o trabalho (risos)”, conta Caio Taborda, um dos cinco produtores do evento. Um público alternativo, meio look de publicitário, é dominante. Sem subgêneros delimitados nas pick-ups, a organização aposta em DJs gringos, como o sueco Kornél Kovács, confirmado para o dia 21 de maio.

Sem endereço definido. 18 anos. Sáb. (21/5): 15h. Ingr.: a partir de R$ 50.

 

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Selvagem

Eleita a melhor festa de São Paulo nos últimos três anos pelo “Guia”, a Selvagem ganha adeptos com sua mistura sonora pouco óbvia, que inclui de Emílio Santiago a techno alemão. O som eclético atrai o pessoal que se veste de preto, clubbers, gente fantasiada, trans, gays e héteros. Dos arredores do Pari Bar, no centro, onde surgiu em 2011, o evento migrou para a Mooca. Uma edição dominical diurna é realizada ao menos uma vez ao mês, normalmente, Nos Trilhos. Mas o endereço não é fixo.

Sem endereço definido.

 

PARA FÃS DE CLUBES

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Superafter (D-Edge)

“Esta festa é quase o ‘after’ oficial de São Paulo”, diz Renato Ratier, dono da D-Edge e criador do evento. É para o clube na Barra Funda que os órfãos da noite seguem na madrugada dos sábados, mais precisamente às 5h dos domingos. Variações do house com uma pitada de disco são trilha sonora para fashionistas, patricinhas e moderninhos que lotam a pista ostentando óculos escuros –uma cortina abre e fecha deixando entrar claridade. Para forrar o estômago, tem café da manhã e drinques detox para curar a ressaca.

D.Edge – av. Auro Soares de Moura Andrade, 141, Barra Funda, tel. 3665-9500. 850 pessoas. 18 anos. Dom. (24): a partir das 5h. Ingr.: R$ 30 (mulher) e R$ 40 (homem) –com nome na lista– ou R$ 120 (com consumação).

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The Year

Uma estrutura retangular gradeada e iluminada com led cobre parte das paredes e o teto do clube dando a impressão de se estar sob uma engenhoca de filme de Indiana Jones moderno. Lá, o público cool arrumadinho –como a modelo e apresentadora Ana Hickmann– dança produções de Solomun e Groove Armada. Nas pick-ups, o DJ Gui Boratto, que transita bem entre o pop e o underground, fez live sets mais de uma vez. O curador da casa, Angelo Fracalanza, diz introduzir as novidades timidamente. “São poucos brasileiros que educam a pista musicalmente. Precisa misturar o que o público quer ouvir com coisas que ele não conhece aos poucos”, explica.


The Year – r. Mergenthaler, 1.167, Vila Leopoldina, tel. 3645-1927. 800 pessoas. 18 anos. Sáb. (30): 23h59 às 9h. Ingr.: com nome na lista (listas@theyear.com.br): R$ 50 (mulher) e R$100 (homem) –com consumação– ou R$ 40 (mulher) e R$ 60 (homem) –sem consumação.  

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