Coletivo Chippanze cria música alienígena com chips de videogames

Alex Kidd
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O coletivo Chippanze. Foto: Amanda Rocha
Em 1978, o grupo japonês Yellow Magic Orchestra, na canção “Computer Games”, profetizou o casamento da música eletrônica com os videogames. O single (inovador até para o Kraftwerk, que exploraria o tema somente três anos depois) estourou e vendeu mais de 400 mil cópias nos EUA. A descoberta inusitada do tecladista Haruomi Hosono foi tão influente que inspirou a criação de um novo gênero: a chipmusic.

A sonoridade cheia de blips e tongs apareceu no começo dos anos 1980 numa era pré-GarageBand. Limitados pela tecnologia da época, os músicos descobriram que os sons gerados pelos chips de aúdio de computadores e videogames eram ótimas ferramentas para compor. O processo gerava melodias simples, mas potentes o bastante para grudar na cabeça dos gamers e criar uma legião de fãs.

Foi em fóruns na internet dedicados à chipmusic que o Coletivo Chippanze nasceu. Em 2009, o músico Droid-On, de Brasília, juntou forças com Pulselooper, Subway Sonicbeat e Escaphandro (os três de São Paulo e aficcionados pelo estilo). “Foi uma forma que encontramos para organizar shows, lançar nossa música e descobrir novos artistas brasileiros”, disse Droid-On (aka Eduardo Melo) para o 120BPM.

Fãs de trilhas de jogos clássicos como Ninja Gaiden e Double Dragon, o coletivo ganhou notoriedade quando foi convidado para tocar no “Festival Game Music”, o primeiro festival de chipmusic do Brasil, realizado no Rio de Janeiro em 2011. Nas performances, uma cabeça de macaco fica ao lado dos apetrechos musicais. Em São Paulo eles já levaram o símio e seus GameBoys para duas Viradas Culturais e, em 2012, alçaram voo internacional: o integrante Pulselooper foi até o Japão tocar no Blip Festival, o maior do gênero, retornando às origens.


Leia abaixo três perguntas que o 120BPM fez para o Chippanze.

Como é feita a seleção dos artistas do coletivo?
O pessoal manda material com uma certa frequência. No começo, convidamos vários artistas para lançar com a gente, mas depois o selo foi ganhando autonomia e recebendo material do mundo inteiro. Temos muita sorte com a qualidade da música que recebemos. A ideia é encorajar a produção caseira de artistas autorais, criar um pouco mais de espaço para a música alienígena.

Quais instrumentos vocês usam para compor?
GameBoy DMG, Advance, SP, Micro, Dingoo, Commodore64, Nintendo Ds, PSP, Mega Drive, Teclados Casio, computador padrão…  No caso o som é sintetizado nos Trackers, programas rudimentares utilizados para produzir e sequenciar sons nessas plataformas. O processo é bem simples e com poucos canais no geral.

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Os instrumentos que o coletivo usa em suas apresentações.

Vocês já fizeram a trilha para algum game?
Sim! Existe um para iOS e Android chamado “Bananas!!!” com trilha do Pulselooper. Vejo muita gente que cria seu jogo e desenvolve a trilha também (do it yourself total!). Atualmente estamos produzindo a trilha para um documentário sobre a história dos videogames no Brasil. Não é bem um jogo, mas chegou perto. Estamos ansiosos para ver o resultado.

Para quem resolver tirar o GameBoy da aposentadoria, a página do coletivo disponibliza links com tutoriais de como fazer chipmusic.

 

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