Em primeiro disco solo, Branko mistura MC Bin Laden com jazz
O produtor português Branko deu vários rolês pelo mundo para conceber o disco “Atlas”. Em seu debut, o cofundador do grupo Buraka Som Sistema mergulhou em metrópoles como Nova York, Cidade do Cabo, Amsterdã e Lisboa para gravar com artistas das cenas locais. A passagem por São Paulo deixou lembranças.
“É uma relação de amor e ódio.” Na cidade cinza, Branko se encontrou com artistas díspares: de Cícero a MC Takara. “Misturei estilos tão diferentes quanto o funk e o jazz”, diz. Dos encontros uma surpresa: com o MC Bin Laden, ele aprendeu o passinho do faraó “em menos de uma hora”.
As aventuras de Branko viraram websérie. Apresentada pelo Red Bull Music Academy, “Atlas Unfolded” acompanha as viagens sonoras do músico pelo planeta.
Leia o bate-papo do 120 BPM com Branko.
O que te chamou atenção em São Paulo?
A cidade é altamente imprevisível, e como cresci nos arredores de Lisboa numa cidade pequena chamada Amadora, essa imensidão me impressiona bastante. É uma relação de amor/ódio. Em termos musicais, fui buscar essa nova cena do funk, que a meu ver é quase um Baile Funk 2.0 com uma batida muito mais diversificada e interessante. Talvez por ter sido criada por instrumentistas que tenham uma visão inovadora do seu instrumento como é o caso do Maurício Takara.
Como foi a parceria com MC Bin Laden?
Foi engraçado. Estava com muita expectativa porque não fazia ideia do aconteceria, mas foi super tranquilo. Usei um batida onde ele gravou cerca de 20 minutos de vozes e ideias diferentes e fiquei com tudo isso para brincar e montar como se fosse um lego. Em menos de uma hora de trabalho, eu já tinha aprendido o passinho do faraó.
Como você costurou as parcerias no álbum? Tinha uma direção sonora?
Não tinha uma sonoridade, sabia que estava atrás de música dance e eletrônica, mas com um sabor cultural. Durante todo o processo, tinha consciência que o mais perigoso era cair numa salada de colaborações, então evitei sessões de estúdio muito caóticas. São snapshots de microrrelações. A construção final do quebra-cabeça continuou no estúdio enquanto tentava criar uma homogeneidade para os 40 minutos de disco.
O disco mistura funk carioca com jazz. A tecnologia ajudou a romper com os preconceitos sonoros?
Sim, sem dúvida. A inovação do “do it yourself” é essencial para tudo aquilo que faço, desde a criação da minha música até o processo de divulgação on-line. Toda esta democracia musical é o que torna possível essas aventuras sonoras e a busca do pelo loop mais original!