Som variado, calor e público ‘normal’ marcaram o EDC Las Vegas
Em Las Vegas não existe a máxima do “menos é mais”. A cidade é uma espécie de puxadinho do mundo, onde a Torre Eiffel, o Empire State e uma pirâmide gigantesca dividem o mesmo espaço. O ecletismo e o clima quente (42 graus!) resumiram o espírito da última edição do EDC na cidade.
De tubarões (Avicii, Afrojack e Calvin Harris) a peixinhos (Dusky, Art Department e Disclosure) todas as magnitudes e vertentes da música eletrônica estavam bem representadas.
Avicii apostou nos seus hits e o Afrojack na potência das caixas de som. Os dois levaram os fãs ao delírio. Mas foi o novato Flume que, apesar de ter apenas 21 anos, tocando no palco dos gigantes, trouxe um frescor ao fazer uma colagem de batidas dance com o trip-hop.
Um movimento mais interessante, porém, aconteceu nas tendas menores. O DJ Set do Disclosure mostrou que a dupla começou a se desvincular da pegada pop do disco de estreia e está mais interessada em aprofundar sua sonoridade ao apostar em baixos pesados e timbres mais sombrios. O Dusky, outra dupla de britânicos, misturou house com sintetizadores e criou um poperô sofisticado. No terceiro dia, o live bem costurado dos canadenses do Art Department, confirmou que a tenda neonGARDEN foi um dos grandes acertos do festival.
O palco bassPOD contou com fogos de artifício, lança-chamas e um público insano. O espaço reservado para o artistas de Dubstep e Trap, encontrou seu ápice na perfomance do DJ e produtor Datsik. “He’s the shit, man!”, me disse um fã empolgado depois do produtor ter tocado um remix de “Toxic”, clássico da Britney Spears.
LIMONADA
O que mais impressionou foi o nível de “normalidade” do público, bastante jovem em sua maioria. ‘Fritar’, gíria para o consumo excessivo de drogas, não parecia ser uma prioridade. Este espírito se refletia até nas bebidas vendidas nas barraquinhas. A Electric Lemonade, apesar do nome sugestivo, era apenas… limonada.
MAD MAX
O tempo seco forçou a criatividade: focinheiras customizadas com personagens de videogames eram usadas para proteger as narinas. Roupas desenhadas com fitas de LED e adesivos para os mamilos eram o look preferido das garotas.
A combinação de palcos gigantescos, inúmeras opções de artistas e estilos e o cronograma respeitado com precisão mostram que, apesar de ter renovado o seu público, os festivais de música eletrônica atingiram sua maioridade.
O QUE DEU CERTO EM LAS VEGAS
– Lineup diversificado – De Dusky a Avicii, a edição teve para todos os gostos.
– A organização dos shows – Os sets começavam e terminavam dentro do tempo anunciado. A pontualidade foi ótima para se programar e assistir shows em palcos diferentes.
O QUE PODE MELHORAR NA EDIÇÃO BRASILEIRA
– A comida – Ninguém vai para um festival de música eletrônica atrás de uma refeição completa, mas mesmo o fast food precisa de um cuidado especial.
– A sinalização – O evento é gigante. Em Vegas era fácil se perder às vezes.
O jornalista viajou a convite da Time for Fun